Em julho de 2024, o Congresso Botânico Internacional tomou uma decisão histórica em Madrid. Pela primeira vez, os taxonomistas decidiram alterar os nomes de cerca de 200 espécies de plantas para termos ‘politicamente corretos’.
A medida, aprovada com 351 votos a favor e 205 contra, visa eliminar termos racistas e xenófobos da nomenclatura botânica, alinhando a ciência com os esforços globais contra a intolerância. A decisão incluiu a criação de um comitê para abordar designações problemáticas.
Os defensores das mudanças argumentam que, à medida que a sociedade combate preconceitos, a ciência deve acompanhar esse movimento. No entanto, essa alteração em massa não é simples e pode causar confusão na literatura científica.
Ou seja, plantas como o coral-costeiro, que será renomeado de Erythrina caffra para Erythrina affra, são exemplos das espécies que terão seus nomes alterados. Há cerca de 218 espécies cujos nomes são derivados da palavra “caffra”, um termo considerado como insulto étnico no sul da África.
Regularmente, os taxonomistas se reúnem no Congresso Botânico Internacional para considerar mudanças nas regras de nomenclatura de plantas, fungos e algas. As alterações votadas neste congresso significam um passo importante para a ciência.
O comitê criado revisará nomes considerados conflitantes, especialmente aqueles que homenageiam déspotas ou indivíduos que se beneficiaram do tráfico de escravos. Porém, algumas mudanças só serão aplicadas a nomes de espécies designadas a partir de 2026.
As novas espécies de plantas, normalmente, são nomeadas pelos cientistas que as descobrem, sendo necessário que uma descrição apareça na literatura científica. Durante os séculos XIX e XX, era comum que cientistas reconhecessem patrocinadores, monarcas e governantes ao nomear novas espécies.
Desse modo, muitos desses homenageados eram proprietários de escravos ou tinham uma moral duvidosa. No recente congresso, a criação de uma comissão especial para revisar nomes polêmicos foi uma resposta a essa prática histórica.
Nomear plantas é um processo meticuloso e importante na botânica. As novas espécies são descritas e publicadas na literatura científica, e os nomes devem seguir regras específicas de nomenclatura. A decisão de modificar nomes ofensivos não é inédita, mas o recente movimento é mais abrangente e consciente do impacto cultural e social.
Um exemplo recente dessa prática é a mudança do nome da planta Hibbertia. O arbusto, nomeado em homenagem a George Hibbert, um comerciante do século XVIII que se beneficiou do comércio de escravos, foi alvo de pedidos de mudança.
Planta Hibbertia é uma das que pode mudar de nome. (Foto: Rony Alan Ghosh/Shutterstock)
Outros casos similares na história incluem a substituição de nomes que refletiam preconceitos raciais ou homenageavam figuras controversas.
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