O Índice de Massa Corporal (IMC) tem sido uma ferramenta padrão para avaliar sobrepeso e obesidade, porém sua precisão passou a ser questionada.
Baseado na relação entre peso e altura, ele pode falhar em refletir a real proporção de gordura corporal. Esse cenário impulsionou um grupo internacional a propor novos critérios diagnósticos.
Publicado na revista The Lancet Diabetes & Endocrinology, o estudo envolveu mais de 50 cientistas da Comissão sobre Obesidade Clínica.
A nova abordagem sugere que a definição da obesidade deve estar centrada no excesso de gordura corporal, o que ocorre devido a causas ainda pouco compreendidas.
Além disso, a comissão introduz as categorias de obesidade clínica e pré-clínica, com base nos impactos funcionais da adiposidade nos órgãos e na saúde geral.
O IMC já não é tão efetivo – Imagem: Shutterstock/reprodução
O cálculo do IMC envolve dividir o peso de uma pessoa pela altura ao quadrado. Embora seja simples, ele tem limitações.
Indivíduos musculosos, por exemplo, podem ser classificados incorretamente como obesos. Essa falha deve-se ao fato de o IMC não medir diretamente a quantidade de gordura.
Há muito, outros especialistas já apontavam essa deficiência do IMC. Por isso, a busca por métodos mais precisos para diagnosticar a obesidade é constante.
As novas diretrizes visam preencher essa lacuna, melhorando a precisão da avaliação do estado de saúde dos indivíduos.
A obesidade é agora definida a partir do excesso de gordura corporal. Para homens, isso representa mais de 25%, enquanto para mulheres varia entre 30% e 38%.
Contudo, medir diretamente a adiposidade no cotidiano é desafiador. Assim, marcadores alternativos, como circunferência da cintura e proporção cintura-quadril, são sugeridos.
O IMC ainda tem seu espaço, especialmente em casos com valores acima de 40. Entretanto, a combinação de diferentes indicadores proporciona um diagnóstico mais robusto, permitindo intervenções adequadas e personalizadas de saúde.
A distinção entre obesidade clínica e pré-clínica é crucial em todo esse processo. A obesidade clínica refere-se a alterações funcionais nos órgãos devido ao excesso de gordura, elevando o risco de condições graves, como ataques cardíacos.
Já a obesidade pré-clínica mantém a função dos órgãos intacta, mas apresenta um risco potencial de evolução para o quadro clínico.
Essas definições oferecem uma visão mais detalhada do impacto da obesidade no corpo, permitindo tratamentos mais adequados e dirigidos. Assim, é possível personalizar intervenções que levam em conta tanto o risco quanto o estado atual da doença.
A introdução das novas categorias de obesidade promete revolucionar o tratamento e a política de saúde pública. De acordo com Alexandra Cremona, da Universidade de Limerick, na Irlanda, o estudo facilita tratamentos personalizados e políticas eficazes de controle da obesidade.
Além disso, a queda da patente de medicamentos para perda de peso, como a semaglutida, pode ampliar o acesso aos tratamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Isso torna possível uma abordagem mais holística, aliando intervenções farmacológicas, mudanças alimentares e atividades físicas regulares.
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