Cientistas descobrem ninhos de vespas com material radioativo em usina nuclear

Em um episódio que parece saído de um filme de ficção científica, mas que é absolutamente real, ninhos de vespas radioativos foram encontrados dentro de uma instalação nuclear ativa nos Estados Unidos, despertando preocupações sobre a segurança ambiental e o controle de resíduos nucleares.
A descoberta ocorreu há pouco mais de um mês, em uma área restrita da Usina de Savannah River (Savannah River Site – SRS), localizada no estado da Carolina do Sul.
A instalação, que pertence ao Departamento de Energia dos EUA (DOE), foi construída na década de 1950 para produzir materiais nucleares estratégicos como plutônio e trítio, essenciais para o desenvolvimento de armas nucleares durante a Guerra Fria.
Vespas construíram ninhos com material contaminado
Os quatro ninhos de vespas foram localizados por trabalhadores durante inspeções rotineiras em uma zona isolada do complexo.
Após a eliminação dos insetos com sprays químicos, os ninhos foram analisados em laboratório e apresentaram níveis alarmantes de radiação: cerca de 100 mil desintegrações por minuto por metro quadrado, mais de dez vezes acima do limite considerado seguro pelas normas federais norte-americanas.
Segundo especialistas, a hipótese mais provável é que as vespas tenham utilizado fragmentos de materiais radioativos remanescentes em áreas desativadas da instalação nuclear para construir suas colônias.
Esse comportamento indica que a presença de resíduos contaminados fora das áreas oficialmente monitoradas ainda representa um risco real para o ambiente local.

Vista aérea da Instalação de Processamento de Plutônio da Usina de Savannah River (Foto: Reprodução/Savannah River Site)
Relatório oficial descarta contaminação do solo
Em nota técnica publicada recentemente, o Departamento de Energia dos EUA afirmou que os ninhos foram devidamente removidos e tratados como resíduos perigosos de alta radioatividade, não havendo, até o momento, indícios de contaminação do solo ou de outras áreas adjacentes.
Contudo, a revelação provocou um novo debate sobre os riscos ainda presentes no local. O Savannah River Site ocupa uma área de mais de 800 km², sendo uma das maiores instalações nucleares do mundo.
Apesar de ter encerrado oficialmente a produção de armamentos em 1992, o complexo segue ativo, com foco em pesquisas civis com energia nuclear, armazenagem de resíduos radioativos e manutenção de estoques de trítio, utilizado em armamentos estratégicos.
A herança radioativa da Guerra Fria
Desde a década de 1990, o governo americano conduz uma operação de limpeza ambiental em larga escala no SRS, que envolve tarefas altamente complexas como:
- Tratamento de mais de 129 milhões de litros de resíduos nucleares líquidos;
- Descarte controlado de plutônio estocado;
- Descomissionamento de estruturas antigas contaminadas;
- Fechamento e isolamento de tanques subterrâneos (atualmente, 43 ainda estão ativos).
Apesar dos avanços, especialistas estimam que a descontaminação total da instalação nuclear se estenderá por várias décadas.
Casos como o dos ninhos de vespas radioativos reforçam a urgência de investimentos em monitoramento contínuo e transparência na divulgação de incidentes.
Ambientalistas exigem mais transparência sobre os resíduos radioativos
A repercussão do caso foi imediata. Para grupos ambientais que acompanham a gestão da SRS, como o SRS Watch, a situação levanta questionamentos sérios sobre a existência de fontes não mapeadas de contaminação radioativa.
Em declaração à agência Associated Press, Tom Clements, diretor executivo da entidade, criticou a forma como o relatório oficial do DOE abordou o incidente:
“Estou furioso porque a SRS não explicou de onde vieram os resíduos radioativos ou se há algum tipo de vazamento nos tanques de resíduos que o público deva saber”, afirmou.
Embora estudos anteriores tenham apontado baixos níveis de contaminação em espécies marinhas próximas ao local, a presença de material radioativo em ninhos de insetos reacende o alerta sobre os potenciais riscos ambientais e à saúde pública.
Um alerta simbólico (e literal)
A descoberta de vespas construindo ninhos com resíduos radioativos em uma das maiores usinas nucleares dos Estados Unidos funciona como um alerta poderoso sobre os desafios ainda presentes na era pós-nuclear.
Mesmo após décadas de encerramento das atividades militares no SRS, o legado radioativo permanece, muitas vezes em formas imprevisíveis.
Para especialistas, autoridades e sociedade civil, a transparência, o monitoramento contínuo e o investimento em tecnologia para limpeza nuclear são medidas indispensáveis para garantir que incidentes como este não se tornem frequentes, ou mais graves.
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