O que é mewing e por que essa pose para selfie está dando o que falar?

Nos últimos anos, a busca por um rosto mais definido e uma mandíbula marcante transformou o chamado mewing em uma febre nas redes sociais.
Basta abrir o TikTok ou o Instagram para encontrar vídeos virais que ensinam o exercício da língua, o qual promete resultados estéticos surpreendentes com um simples ajuste de postura oral.
Segundo seus defensores, o mewing é capaz de definir o maxilar, reduzir o queixo duplo e até alinhar os dentes — sem cirurgias ou aparelhos ortodônticos.
Mas, afinal, o que é o mewing, como essa técnica surgiu e quais são os riscos reais de adotá-la por conta própria?
Técnica do momento: o que é o mewing e por que viralizou?

Foto: iStock
Com forte apelo visual e promessas tentadoras, o mewing ganhou notoriedade como um exercício facial para afinar o rosto e destacar a linha da mandíbula.
A técnica consiste basicamente em colocar a língua no céu da boca, com os lábios fechados e os dentes encostados, por um tempo prolongado, até se tornar um hábito involuntário.
Seu nome é uma homenagem aos criadores: o ortodontista britânico John Mew, que desenvolveu a base do método nos anos 1970, com a chamada ortotropia, e seu filho, Michael Mew, responsável por popularizar a prática no YouTube a partir de 2012.
Desde 2018, o termo mewing se consolidou nas redes, alcançando milhões de adeptos ao redor do mundo.
Originalmente voltada para crianças, a ortotropia defendia que a postura oral correta poderia moldar o desenvolvimento facial, melhorando o alinhamento dentário e até a simetria do rosto.
Com o tempo, a técnica foi adotada como estratégia estética por adultos, com forte adesão de influenciadores digitais.
Como fazer mewing? Técnica é simples, mas questionável
A orientação mais comum para praticar o mewing é:
- Colocar a ponta da língua atrás dos dentes superiores (incisivos);
- Pressionar a língua contra o palato (céu da boca);
- Manter os dentes suavemente encostados;
- Fechar os lábios e tentar manter essa postura o máximo de tempo possível.
A expectativa é que, com o tempo, essa posição “molde” a estrutura facial, tornando a mandíbula mais visível.
Alguns vídeos chegam a associar o mewing a celebridades, como a modelo Bella Hadid, reforçando a ideia de que se trata de um “segredo de beleza”.
Mewing funciona, afinal?
Apesar da popularidade crescente, não há evidência científica sólida que comprove que o mewing seja capaz de alterar significativamente a estrutura facial em adultos. As alegações de que a técnica:
- Reduz queixo duplo;
- Alinha os dentes;
- Melhora a apneia do sono, o ronco ou a sinusite;
Porém, a técnica, assim como seus derivados, é amplamente contestada por especialistas das áreas de odontologia, ortodontia e fonoaudiologia.
Isso porque a mandíbula é uma estrutura óssea complexa e, na idade adulta, alterações significativas exigem tratamentos ortodônticos, aparelhos ou cirurgia maxilofacial.
As transformações prometidas por vídeos de antes e depois nas redes sociais geralmente são resultado de diferenças de iluminação, ângulo de câmera e contração muscular momentânea, não de modificações anatômicas permanentes.
Mewing pode fazer mal? Especialistas alertam para riscos
Além da ineficácia comprovada, forçar a posição da língua, como prega o mewing, pode trazer consequências negativas à saúde.
A língua é um músculo altamente funcional, envolvido na fala, na mastigação e na deglutição — e sua função não é exercer pressão constante no palato.
De acordo com especialistas, os principais riscos associados ao mewing incluem:
- Desconforto muscular e dores faciais;
- Problemas na articulação temporomandibular (ATM);
- Desalinhamento dentário, em vez de correção;
- Agravamento de hábitos orais nocivos, como bruxismo.
A comunidade científica posicionou-se de forma clara: Michael Mew foi expulso da Sociedade Britânica de Ortodontia em 2019, acusado de promover práticas sem respaldo técnico.
Ainda assim, influenciadores e perfis pseudocientíficos continuam impulsionando a técnica online, muitas vezes sem qualquer formação na área de saúde.
O papel da internet na viralização de técnicas não comprovadas
O sucesso do mewing escancara como as redes sociais se tornaram terreno fértil para a disseminação de pseudociência, especialmente quando envolvem estética e resultados visuais rápidos. A fórmula “simples, barata e milagrosa” atrai milhões de visualizações, mesmo sem base científica.
Felizmente, também cresce a presença de profissionais de saúde e divulgadores científicos nas plataformas, que têm desmentido as promessas infundadas com embasamento técnico e responsabilidade.
Apesar de parecer inofensiva, a prática do mewing deve ser vista com cautela. A busca por um rosto mais simétrico ou um maxilar mais definido não pode se sobrepor à saúde bucal e à integrididade funcional da face.
Em vez de seguir modismos virais, a recomendação é sempre consultar um dentista ou ortodontista qualificado, especialmente se houver interesse em melhorar a estética facial ou corrigir problemas dentários.
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