A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira (04/10) a segunda fase da Operação Yoasi, com o objetivo de investigar suspeitos de lavar recursos que seriam provenientes do desvio de medicamentos destinados aos Ianomâmis.
A ação resulta da primeira fase da operação, realizada em 30 de novembro de 2022, que apurou um suposto esquema que teria deixado mais de 10 mil crianças ianomâmis desassistidas, com a efetiva entrega de apenas 30% dos medicamentos adquiridos pelo Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI-Y).
A primeira fase da operação revelou indícios de participação de outros suspeitos nos crimes investigados, os quais teriam realizado vultuosos aportes em empresas suspeitas com o objetivo de dar aparência de legalidade aos valores supostamente desviados.
Nesta segunda fase da operação, estão sendo cumpridos quatro mandados de busca e apreensão em Boa Vista/RR, expedidos pela 4ª Vara da Justiça Federal em Roraima.
Apenas um dos alvos da operação de hoje, preso na Operação Hipóxia, deflagrada no início de setembro e que investigou o superfaturamento de oxigênio destinado aos Ianomâmis, é suspeito de ter repassado R$ 4 milhões para a empresa investigada na Yoasi.
As investigações continuam em andamento para apurar o envolvimento de outras pessoas nos crimes investigados.
A Hutukara Associação Ianomâmi cobrou, em ofício, investigação sobre a situação dos indígenas amarrados por garimpeiros ilegais em um acampamento no Território Ianomâmi.
Em nota divulgada nesta quarta-feira (20), o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) disse que a situação é inadmissível e que articula providências sobre o caso.
“Situações como esta são inadmissíveis e este Ministério tem articulado e acompanhado um conjunto de medidas no âmbito do Comitê de Desintrusão, instituído pelo Decreto nº 11.702, de 12 de setembro de 2023”, disse o MPI.
“O Ministério dos Povos Indígenas articula agora com todos os ministérios endereçados na denúncia enviada pela Hutukara Associação Ianomâmi, providências urgentes para averiguação, denúncia e punição dos responsáveis por este caso”, ressaltou.
De acordo com a Hutukara, são, ao menos, três crianças amarradas, com os braços presos por cordas, em uma viga de madeira. O caso aconteceu nas proximidades da pista da Bateia, na região de Surucucu.
No vídeo, que foi gravado por um dos garimpeiros, é possível ver que os indígenas estão em um acampamento montado no meio da floresta. Durante a ação, um dos garimpeiros pede para que “tragam os mokaua [armas]” para o barracão onde os indígenas estão.
“Os vídeos tratam da mesma situação. Eles registram um momento em que garimpeiros acusam crianças ianomâmi de terem furtado celulares, e na tentativa de recuperar os objetos, amarram e ameaçam as crianças, que supostamente teriam pego os telefones”, diz trecho do documento.
Os indígenas são da região do Hakoma, localizada entre as regiões de Homoxi e Surucucu. Com cerca de 12 comunidades, Hakoma tem presença de garimpeiros e altos níveis de contaminação por mercúrio.
Conforme a Hutukara, a região é de difícil comunicação e, por isso, ainda não se sabe quando as imagens foram gravadas e o que aconteceu com os indígenas. As crianças não tiveram as idades informadas.
O ofício também foi enviado à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Polícia Federal, Ibama, 1ª Brigada de Infantaria de Selva do Exército Brasileiro e Ministério Público Federal (MPF) em Roraima.
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Foto: divulgação
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