Sensação térmica de 70ºC? Saiba o limite de temperatura que o corpo humano aguenta

Manchetes alarmantes sobre uma suposta sensação térmica de 70ºC em Porto Alegre e outras cidades brasileiras circularam amplamente, gerando pânico entre a população. Tais informações, no entanto, não se originaram de fontes meteorológicas confiáveis.

As notícias sobre a marca alarmante surgiram a partir de uma interpretação errônea de dados por um portal de internet. A confusão se espalhou rapidamente, destacando como notícias falsas podem proliferar em tempos de acesso rápido à informação.

Por isso, cabe ressaltar a importância de uma compreensão adequada do índice de calor e dos limites que o corpo humano pode suportar em condições extremas.

Entendendo a sensação térmica

A sensação térmica, ou índice de calor, reflete a temperatura percebida pelo corpo humano ao se levar em conta a temperatura do ar e a umidade relativa. O método mais utilizado para esse cálculo vem do Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos (NWS).

Pesquisadores identificaram que o ser humano saudável não resiste mais de seis horas a 35ºC com 100% de umidade. A partir desse ponto, o suor perde eficiência como método de resfriamento, aumentando o risco de sérias complicações de saúde.

Limite além do esperado

Recentes estudos da Penn State University sugerem que o limite crítico pode ser menor do que o previamente pensado. Exposições a temperaturas de bulbo úmido superiores a 31°C com alta umidade já representam perigos consideráveis, sendo necessário o monitoramento cuidadoso das condições ambientais.

Experimentos liderados por Daniel Vecellio mostraram que jovens saudáveis já enfrentam dificuldades a partir de 30,6°C. Nesse cenário, a capacidade do organismo de manter a temperatura corporal sob controle se compromete.

Impacto global e mudanças climáticas

O aquecimento global e outros eventos climáticos extremos aumentam a frequência das ondas de calor. A pesquisa de Colin Raymond indica que, se o planeta aquecer 2,5ºC além dos níveis pré-industriais, o limite de 35ºC será frequentemente superado em várias partes do mundo.

Em 2022, mais de 61 mil pessoas perderam suas vidas devido ao calor na Europa, mesmo sem atingir níveis críticos de umidade. Idosos, crianças e trabalhadores em condições adversas são particularmente vulneráveis, com as populações de baixa renda enfrentando os maiores riscos.

Estudos apontam que cerca de 30% da população mundial já vivencia condições potencialmente fatais por 20 dias ao ano. Tal número pode elevar-se para 50% até 2100, mesmo com reduções significativas nas emissões de gases do efeito estufa.

Em regiões áridas, onde o suor evapora rapidamente, outros fatores, como a temperatura do ar, tornam-se críticos. Quanto mais o clima mudar, maior será a necessidade de estratégias para enfrentar os perigos associados ao calor extremo no futuro.

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